sábado, 1 de fevereiro de 2014

Sonho de infância!



Depois que teve dengue, meu pai ficou bem debilitado. Nunca mais sua hipertensão e diabetes normalizaram. Numa das crises que teve, onde a taxa de glicemia altíssima provocou imobilidade, confusão mental, sudorese e taquicardia, tivemos que chamar a ambulância do Corpo de Bombeiros a fim de que o levassem ao hospital para ser atendido, já que não conseguíamos movimentá-lo para além da cama onde permanecia imóvel.
Fomos prontamente atendidos pelo Corpo de Bombeiros. Rapidamente, quatro homens fortes o colocaram sobre uma maca, depois dentro do furgão, e saíram em disparada rumo ao hospital.
Eu e minha mãe fomos logo em seguida. Quando chegamos ao hospital, e enquanto meu pai era atendido pela equipe médica de plantão, tivemos que nos deter um pouco na portaria por conta de toda burocracia de um atendimento de urgência  hospitalar: documentos, fichas e  cartões de atendimento, plano de saúde, etc., etc., etc.
Quando conseguimos chegar ao quarto onde ele estava, aparentava estar tudo bem, mas queríamos ter certeza.  O diálogo foi mais ou menos esse:

_E então, pai, está tudo bem?
_Sim está tudo ótimo!  E deu um grande sorriso de pura felicidade.
(Resposta temerária de alguém que acabara de ser atendido com urgência pelo Corpo de Bombeiros e Equipe Médica de Emergência)
_Acabei de realizar um sonho de infância: Andei no carro dos Bombeiros!
...e mais uma vez, seu rosto se iluminou!

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

O Titanic do meu avô.



Meu avô materno, Vassily Grabovskii, nasceu no dia onze de março de 1915.  Ele era um homem forte, determinado, trabalhador, íntegro, e um fiel servo de Deus. A sua vinda para a minha casa em Varpa ( ele morava em Carapicuíba) na época de suas férias ou em feriados prolongados era sempre motivo de muita alegria. Isso aconteceu inúmeras vezes entre os anos de 1967 a 1986. Muitas vezes mesmo...
 Entre outras coisas, ele trazia consigo algumas histórias. Numa época em que nem televisão havia pelas bandas de lá, ouvir histórias, principalmente as dos mais velhos, era entretenimento e trazia conhecimento e sabedoria.
Uma dessas histórias  era sobre o naufrágio do grandioso, do  magnífico navio Titanic. Esse fato acontecera  pouco depois da meia-noite de 15 de abril do ano de 1912, portanto três anos antes do nascimento do meu avô. Eram contemporâneos os dois.  Ficávamos maravilhados quando ele se punha a contar sobre a construção do imenso navio, sobre como o Capitão, quando perguntado sobre a segurança do mesmo respondera que "nem mesmo Deus o afundaria!", sobre como fora lançado ao mar numa viagem inaugural sem precedentes, sobre os passageiros, ricos em sua maioria, e outros nem tanto, sobre os trabalhadores da grande embarcação. Dava detalhes sobre o número de passageiros, o número de mortos, sobre a casa das máquinas, sobre as caldeiras que as movimentavam, e finalmente sobre como acorrera tal catástrofe.
Ouvíamos, maravilhados e impressionados,  eu, meus irmãos e meus primos tal história. 
O mais lindo, porém, vinha ao final: apesar da tragédia do ocorrido, ele nos contava como um grupo de cristãos peregrinos, que haviam saído da Inglaterra em busca de novas oportunidades no "Novo Mundo", denominado à época Nova Iorque, se portaram à medida que o navio afundava. 
Quando parecia que o pânico tomaria conta da situação, os crentes deram-se as mãos e começaram a cantar um hino que a orquestra de bordo havia começado a tocar. Esse hino era o "Mais Perto Quero Estar". (Nº 283 do Cantor Cristão, Nº 187 da Harpa Cristã). 
Nesse momento meu avô parava a história e começava a cantar com sua voz potente de barítono:

Mais perto 
Quero estar meu Deus de ti! 
Ainda que seja a dor 
Que me una a ti, 
Sempre hei de suplicar 
Mais perto 
Quero estar meu Deus de ti! 

Andando triste 
Aqui na solidão 
Paz e descanso 
A mim teus braços dão 
Nas trevas vou sonhar 
Mais perto 
Quero estar meu Deus de ti! 

Minh'alma cantará a ti Senhor! 
E em Betel alçará padrão de 
Amor, 
Eu sempre hei de rogar 
Mais perto 
Quero estar meu Deus de ti! 

E quando Cristo, 
Enfim, me vier chamar, 
Nos céus, com serafins irei 
Morar 
Então me alegrarei 
Perto de ti, meu Rei, meu Rei, 
Meu Deus de ti! 


...


Qual não foi minha surpresa no ano de 1997 quando assisti ao filme "Titanic" e vi a seguinte cena:



Muitas lembranças vieram  à minha memória... o meu avô e a veracidade dessa sua história!
...
A propósito: esse era também um dos hinos que meu pai mais gostava!

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Pérola Discente 3 - Bolinação!


Avistei ao longe um aluno vindo direto em minha direção. Percebi que acabara de sair do sanitário masculino. Vinha aos prantos, soluçando desesperadamente. Quando chegou até mim, perguntei:
_O que houve, Marcos? E a resposta, rápida, me paralisou:
_O meu amigo João, professora, estava me bolinando!
Senti um tremor no corpo e um arrepio no cabelo! Tanta coisa que a gente ouve falar!
“Não! Não podia ser que na nossa escola houvesse tal problema!”, pensei,  e o meu cérebro ferveu!
Já pensando em todas as providências possíveis – me vi dando uma bronca no danado do João, chamando os seus pais, fazendo uma ocorrência interna, depois um Boletim de Ocorrência Policial, depondo ao Delegado, explicando ao Promotor, despistando a Rede Globo – levei em conta perguntar discretamente ao garoto:
_Diga-me, Marcos, exatamente o quê o João te fez?
E ele, soluçando:
_Ah... professora... ele... ele... ele estava fazendo “bullying” comigo...
_Como assim, menino?
_É... é isso mesmo! O João fica o tempo todo me chamando de “cabeçudo”, de “burro”, só porque eu não sei fazer a continha de matemática!
...! (surpresa!)
Imaginem só a minha cara de espanto!
...

Virei o rosto de lado para ele não me ver rindo!

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Pérola Discente 2 - "Véia!"

No dia do meu aniversário, estava eu no pátio da escola durante o horário do intervalo a fim de ajudar a cuidar dos alunos.
Luan, avisado da data especial, me parabenizou com um daqueles “gestos tribais”, próprios dos adolescentes. Curioso, não resistiu:
_Com quantos anos você está?
_Quarenta e seis!
Sincero, retrucou:
_Vish! Que “véia”! 








sábado, 4 de janeiro de 2014

Pérola Discente 1 - Avó


Num daqueles dias de apresentações, em que todos os alunos querem saber tudo sobre você:
_ Quantos anos você tem?
_ Quarenta e cinco, digo, sem a mínima pretensão de esconder mais a minha “velhice”.
_ Nossa! Você é mais velha que a minha avó!